Estes Cheiros Podem Desaparecer Para Sempre

O aroma particular dos livros antigos tem de facto um valor cultural e está em vias de extinção, conforme explica um artigo publicado na BBC News.

Porém, à medida que cada obra que se desfaz, é deitada fora  ou armazenada num espaço com temperatura controlada, torna-se cada vez mais intrincado experienciar esses sintomas. 

E esta questão não é única dos livros. Perfumarias, bares, cidades têm uma abundância de aromas em permanente alteração.

Cecilia Bembibre, investigadora do Instituto de Património Sustentável da University College London (UCL), no Reino Unido, explica à BBC o quão é importante o cheiro dos livros antigos. 

E por isso mesmo, está atualmente a desenvolver vários métodos com o intuito de recuperar cheiros ‘extintos’ do passado e preservá-los para a posteridade. Para ela trata-se de uma parte do património cultural extremamente relevante e que, muitas vezes, infelizmente, é esquecida.

“As propostas feitas por espaços dedicados ao património cultural, como galerias, museus, casas históricas, concentram-se principalmente no visual”, diz. 

“O engajamento que eles propõem tende a ser visual. [Com] algumas exceções, a estimulação dos sentidos, como objetos que podem ser tocados ou cheirados, é reservada para o público infantil”. 

Todavia, Cecilia Bembibre quer mudar esta realidade. 

Acrescentando: “quero chamar a atenção para essa questão que foi muito pouco pesquisada – os cheiros como património olfativo da humanidade”. 

Como se captura uma aroma?

De acordo com a investigadora, uma das técnicas consiste em expor uma fibra de polímero ao perfume, de forma a que os compostos químicos que causam o cheiro na atmosfera se fixem à mesma. 

Seguidamente, conta a BBC News, Bembibre examina a amostra em laboratório, dissolvendo as substâncias retidas na fibra, separando e identificando as mesmas. Consequentemente, a lista resultante de compostos químicos é a ‘receita do perfume’.

Entretanto, outro método refere-se a isolar e reconhecer os compostos diretamente provenientes da amostra de gases. Esta abordagem é bastante usada na indústria de perfumes, cosmética alimentos e bebidas, permitindo a identificação de compostos ativos voláteis.

A Unesco criou em 2003 uma convenção para preservar o património cultural imaterial, que engloba práticas sociais, tradições orais e artes cénicas. “Mas e os aromas?” questiona Cecilia Bembibre.